Fantoches contam histórias com os mais novos

A Ana, a Carolina e o Carlos, alunos de segundo ano no Centro Educativo António Lopes, são três das cerca de 1400 crianças que, até final deste ano, terão assistido, no Theatro Club, à produção “Fantoches que contam Histórias com a História”, a qual teve, até ao momento, 28 representações.

Este espectáculo é uma das acções do Projecto "Conservação, Animação e Valorização do Castelo de Lanhoso" (co-financiado pelo ON.2 – O Novo Norte e QREN através do Fundo Europeu do Desenvolvimento Regional) e é apresentado pelo Centro de Criatividade – Póvoa de Lanhoso (CCPL), entidade que resulta de um projecto cultural da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso.

As crianças gostaram da peça. “Eu gostei e vou contar aos meus pais as partes de que me lembrar”, assegurou Ana Pereira, 7 anos, à saída do espectáculo. A seu lado, Carolina Moreira, com a mesma idade, ajuda a colega com o nome da peça: “Era a história sobre o Castelo da Póvoa de Lanhoso, com fantoches”, afirma. O único rapaz do grupo, Carlos Nogueira, 7 anos, confessou que achou engraçado “quando o idoso apareceu e falou com uma rapariga e disse que ia fazer sopa de pedra”.

Os três amigos, que ainda se lembravam de ter assistido naquela mesma sala a “O Pássaro de Papel”, concordaram, desta vez, por entre risos, que “os fantoches são engraçados, não são assustadores e fazem rir”. O mesmo entusiasmo foi confirmado pela professora Anabela Marques. “Quando eles souberam que vinham para o Theatro ficaram fascinados, porque adoram tudo o que é arte”, assegurou, revelando que nova tarefa espera os seus alunos: “Costumamos sempre trabalhar o que vimos assistir e eles demonstraram bastante interesse. Eles vão fazer um texto, vão recontar por palavras deles e vão ilustrar”.

Trabalho que envolveu escolas do Concelho.

“Intervir com programas culturais, de forma regular, junto das escolas é um dos objectivos do Centro de Criatividade. Este projecto permitiu testar um modelo que resultou com muito sucesso e por isso, no próximo ano, o CCPL continuará a desenvolver espectáculos direccionados para o público jovem, procurando uma abordagem temática, dramatúrgica e estética que seja capaz de comunicar com este tipo de público”, explica a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso e Presidente do Centro de Criatividade, Fátima Moreira.

Esta produção, em que é retomada a tradição dos fantoches para contar histórias do imaginário fabuloso que envolve o Castelo da Póvoa de Lanhoso, é um trabalho artístico, pedagógico e de pesquisa, desenvolvido pelo CCPL, que contou com a participação de alunos da EB1 Taíde (4º ano), da EB1 Oliveira (3º e 4º anos), da EB1 JI da Póvoa de Lanhoso (4º ano), do Centro Educativo António Lopes (4ºano) e do Centro Educativo do Cávado (4º ano), convidados a participar no processo de criação dramatúrgica dos textos do espectáculo (que englobou uma visita ao Castelo de Lanhoso e o “encontro” com personagens históricos), a assistir à peça e a recebê-la nos seus estabelecimentos.

Com estreia a 27 de Novembro, esta produção já teve diversas apresentações, ao longo deste mês, no Theatro Club, destinadas à população em geral, mas, muito em especial, ao público escolar. Depois destas, foi a vez de o Teatro ir às escolas, com a deslocação dos actores e dos fantoches do CCPL, o que permitiu espreitar para o outro lado do espectáculo e que os mais pequenos tomassem contacto com experiências como o processo de vestir dos actores para darem corpo, alma e voz às personagens, aos fantoches.

Na EB1 de Taíde, cerca de 84 crianças deliraram ao receber dentro de portas o Teatro. A equipa do CCPL, para além de apresentar duas cenas do espectáculo, dialogou com os mais novos, questionando sobre as suas impressões em relação à peça, sobre a história e sobre as personagens preferidas, de entre outros aspectos, abrindo-lhes o apetite e a curiosidade por esta forma de expressão artística, com forte pendor educativo, histórico e cultural.

Rui Silva, 9 anos, aluno do 4º ano da professora Sónia Duarte, considerou “muito interessante” a presença dos convidados. A sua escola também participou na elaboração dos textos. “Na nossa história, dissemos que havia uma máquina do tempo…”, recordou, referindo que a sua personagem preferida é o Ninguém “porque é engraçado”. O fantoche preferido de Daniela Maia, 9 anos, é a bruxa. “Achei que era muito engraçada”, confidenciou, no final de uma tarde diferente, em que aprendeu algo de novo. “Aprendi como se mexe nos fantoches”, revelou. A menina  confessou que desconhecia que as vozes dos fantoches tinham sido previamente gravadas, com algumas peripécias à mistura, conforme foi revelado, “porque via as pessoas a mexerem a boca”, por debaixo dos fatos pretos. Margarida Ramos, 9 anos, salientou um outro aspecto: “Nós vemos do lado do público e descobrimos como é o outro lado, dos actores”. No final, a equipa do CCPL recebeu um “muito obrigado”, em ovação, por parte das crianças.

Para Janeiro estão agendadas novas apresentações para que aqueles que perderam, desta vez, a oportunidade, não fiquem sem conhecer os “Fantoches que contam Histórias com a História”.